quarta-feira, fevereiro 17, 2010

A medalha (interlúdio para mais uma bólgia má)

E lá estava eu novamente...

O mesmo mármore molhado... A mesma chuva de brisas cortantes sentia as pequenas partículas de terra que viajavam junto à tempestade e se chocavam contra meu peito aberto... Dilacerado pelas suas garras estupidamente cruéis...

Muitas horas pareciam ter se passado pela dor insana de minhas feridas, mas, não era a primeira vez que estivera ali... Deixado para morrer... Sabia que somente alguns minutos haviam passado...

Minutos, os mesmo que presenciaram o porquê de minhas feridas e de minha dor...

Eu a amava, de uma forma tentadoramente nova.
Amava-a como nunca havia amado ninguém antes...

Seu nome e seu semblante se transmutaram em uma medalha dentro de meu coração, a senti crescer, tomar forma á medida que ela adentrava mais e mais na minha vida, tua forma era única em meu coração, assim como o meu amor por ela...

Eu estava deitado agora, sentia meus olhos tremerem... O sangue quente na garganta travada escorria pela minha boca, a água fria como gelo batendo no meu corpo, imóvel, ferido...

Meu peito aberto, meu coração, ou o que sobrara dele a mostra, dilacerado como se fossem retalhos de linho... Em minha mente ainda as lembranças dos minutos passados...

Abrira meu peito com as próprias mãos, após ter me derrubado, pisado em minha boca, para que não pudesse falar, para não ouvir a minha voz...

Então rasgou meu peito e enterrou as unhas em meu coração e o cavou. cavou carne e sangue.

Finalmente, quando parecia não mais suportar a dor, antes mesmo que pudesse desmaiar, suas mãos enterradas em meu coração ensangüentado achou a medalha e a arrancou.

Só então olhou para mim...

Somente então pareceu me notar

Só então viu o quanto me machucara

- Se pudesses passar tua dor para mim... Passaria mas não posso – disse ela

Minha dor aumentou mais

Ali entendi que ela não me queria mais... E nem queria lidar cmo o que tinha feito a mim... Se pudesses tirar minha dor... Tiraria tudo que sentia por ela junto,

Se tirasse minha dor meu amor iria junto.

Ela foi embora e então à chuva começou, ela levou a medalha, mas ainda a amava, a dor permanecia aguda, forcei minha cabeça para frente com minhas últimas forças... vi ela indo embora... Se distanciando... sem olhar para traz... Ainda tive tempo de vê-la atirar para longe a medalha... sem valor para ela

Ela se foi me deixando ferido... incapaz mergulhado em dor e sofrimento

Minha respiração era falha

Meu coração ainda pulsava lentamente e diminuindo

E então ela veio...

Lancinante...

Cruel...

A Dor!

Eu gritei e o sangue espirrava de minha boca

Gritei e me dei conta.

Não iria morrer... Não seria tão fácil

A dor tinha várias fases

A vida não fazia aquilo uma única vez

Iria me curar e novamente iria ter medo

Teria mais medo

Medo de outra medalha, outro semblante... Outro nome em meu coração



2 comentários:

  1. Nussa! Bem que vc falou que o post era triste...

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  2. Outro nome no coraçao pra depois dizer "nunca havia amado assim antes"
    Ja reparou que a gente sempre "nunca amou assim antes" ?
    Eu parei pra pensar e teve bem umas vezes que amei igual, mas nunca admiti.

    TE VI NO ORKUT DA BIAAA...

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